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Metendo bala

Uma viola, um violão ... e dois meninos: Paulo Antônio e Rafael. Uma mulher empilha cadeiras de plástico. Fim do espetáculo: ginásio vazio e sujo. “Pagode em Brasília”? Com estas frases soltas me deparei com este vídeo:

O segundo vídeo que vi é este que está logo abaixo. Não tem como não vidrar os olhos no dedo dos moços -- Artur Paulo e Natan -- e não ser tomado de assalto pela vontade de pensar sobre a viola no panorama musical brasileiro.

Quando escrevi “Metendo bala”, título homônimo a este segundo vídeo, algo pareceu fazer algum sentido e me trouxe de volta à realidade do texto. Era muita nota voando e o ritmo era mais do que quente -- o polegar do violeiro me desafia, como o dos tocadores da Ilha de São Miguel, nos Açores. O que diria Rafael Carvalho, tocador de viola da terra se os visse ali no estacionamento do Parque do Sabiá?

Um pingente balança, os lábios se apertam, a câmera procura, mas os chapéus continuam firmes sobre a cabeça. Sobre eles percebe-se o futuro depois de “Pagode em Brasília”. Pude então voltar ao passado, e também ao vídeo anterior para descobrir que os dois violeiros são irmãos – de agora em diante é preciso andar engatilhado para enfrentar esses dois!

Fato é que de “violeiro embruião” o mundo sempre esteve cheio, mas de violeiro bão agora têm aos montes. É impressionante. Estão por aí tocando a quatro mãos como se fossem várias (e metendo bala). Assim o pagode segue, estuporando as cordas da viola. “É gostoso ver dois pinhos gemer bem arrepicado” (Lourival dos Santos, né?). Segundo um dicionário informal, aqui da internet, mandar bala quer dizer “continuar, prosseguir, seguir em frente”.

Interessante ver o circo pegar fogo – e não duvido que esses moços não estejam de brincadeira. As imagens que me saltam não são uma revolução silenciosa. Já vem de outrora. Lembro-me de quando ouvi pela primeira vez “Sangue Novo”, um pagode de Zé Mulato e Cassiano, e encontrei um caminho para tentar entender as circularidades das tradições deste instrumento.

Hoje, talvez este recortado que o Mário de Almeida me trouxe do evento das “Mil Violas”, organizado pelo músico e produtor Tarcísio Mano Véio, lá em Uberlândia, mês passado, desvele mais alguns atores que estão entrando no pagode, este fenômeno musical que se liga ao cenário contemporâneo da viola instrumental. Que é outra coisa muito diferente do que nos acostumamos a ouvir quando se depara com esta viola antropofágica, polirrtímica, ligeiríssima e, acima de tudo, muito visceral.

Aqueles dois tocando “Pagode em Brasília”, que em pouco tempo serão grandes, quiném os outros dois que estou a falar, parece que gostam muito do que estão fazendo. Esta é a diferença. Isso a gente sente, mesmo sem saber explicar. Fosse para debulhar milho ou viola, a impressão que deixam é que para eles é tudo igual.

De onde vem mais estes caras -- Paulo Antônio, Rafael, Artur Paulo e Natan?


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